Compatibilidade é principal problema para transplantes de medula óssea

Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, comemorado no dia 17, lembra a importância de angariar cada vez mais doadores

Uma em cada 100 mil: essa é a chance de encontrar um doador de medula óssea compatível – segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Por conta dessa probabilidade, neste Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, celebrado em 17 de setembro, é preciso ressaltar a importância de se buscar ainda mais pessoas disponíveis a doar. No Brasil, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea conta com 3,5 milhões de cadastrados – no mundo, são 27 milhões.

Para se entender melhor o porquê de o transplante ser tão necessário, é preciso entender, primeiramente, o funcionamento da medula óssea. “A medula óssea é o órgão do corpo humano responsável por produzir as células do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. Quando uma pessoa tem alguma doença que afete a medula, como a leucemia, por exemplo, existe a necessidade de fazer um tratamento para substituir a medula doente por uma nova e saudável”, explica a oncologista e hematologista Juliana Souza Lima, do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC). O transplante também é um procedimento curativo para diversas doenças do sangue, lembra a especialista. “Quanto mais pessoas se dispuserem a se cadastrar como doadores, maiores são as chances de existir alguém compatível”.

A compatibilidade, que é necessária assim como em outros tipos de transplante de órgãos, não depende apenas do tipo sanguíneo, diz a médica, mas de um outro sistema imunológico do nosso organismo, o Antígeno Leucocitário Humano – HLA  (complexo imunológico responsável por reconhecer as células do nosso organismo e ajudar a combater elementos estranhos quando necessário). “A compatibilidade HLA é muito mais frequente entre familiares, principalmente irmãos de mesmo pai e mãe. Porém, a chance de um familiar ser compatível gira em torno de 25% a 30%. Esse é o motivo pelo qual, diversas vezes, existe a necessidade de se procurar um doador fora do eixo familiar”, ressalta a Dra. Juliana.

Entretanto, segundo a oncologista e hematologista, já existe a capacidade de se realizar transplantes de medula óssea em que doadores e receptores têm algumas diferenças. “Eles já são feitos com bastante segurança, apenas com algumas diferenças técnicas entre um transplante 100% compatível e outro com compatibilidade parcial.”

O procedimento do transplante é simples – não requer cirurgia. “É igual a uma transfusão de sangue. A infusão da nova medula é feita por meio e uma punção venosa, exatamente como a transfusão. E as células do corpo humano têm a capacidade de se instalarem no local certo. Dessa forma, começam a produzir sangue novamente, sem a doença. Essa nova medula também tem a capacidade de evitar que a antiga medula doente volte a funcionar, evitando que doenças como leucemia retornem após o transplante”, esclarece a médica. A preparação mais complexa vem antes da punção: o receptor da nova medula realiza uma quimioterapia de alta intensidade, que irá destruir todas as células doentes. “Após a quimioterapia a medula perde a capacidade de se replicar novamente, e, no lugar dessa medula doente, nós oferecemos a nova e saudável medula óssea do doador”.

Depois da infusão da nova medula, o paciente deve permanecer internado por cerca de quatro semanas, para que o órgão volte a funcionar e para evitar riscos de infecção, anemia grave e sangramentos. “Após esse período inicial, geralmente o paciente recebe alta hospitalar, mas mantém necessidade de acompanhamento ambulatorial por um longo período”, salienta a oncologista.

Como doar
Para se cadastrar como doador de medula óssea, é necessário ter entre 18 e 55 anos e estar em boas condições de saúde. Para fazer parte do banco nacional, é só procurar um banco de sangue e expressar a vontade de doar. “Depois de preenchido um cadastro com os dados pessoais, é realizada uma coleta de sangue do braço, que é analisado e registrado no banco nacional”, diz a Dra Juliana. “Os dados devem ser mantidos sempre atualizados, pois, uma vez que sua medula seja compatível com a de um receptor, o doador é chamado novamente ao banco para confirmar a compatibilidade e saber se ainda deseja ser um doador”.

Antes do procedimento, o doador passa por uma série de exames que comprovam o estado de saúde. O transplante, de acordo com a médica do IHOC, pode ser feito de duas maneiras: com a administração de um medicamento por injeção subcutânea ao longo de cinco dias (com a coleta no final pelas veias do braço), ou, diretamente da medula óssea, feita em um centro cirúrgico com anestesia. Nesse caso, o doador fica internado por 24 horas, e está apto a voltar para suas atividades normais após alguns dias. A quantidade de medula doada depende do peso do receptor, mas, dificilmente, ultrapassa de 15% do órgão.

Os riscos para o doador são poucos. A única intercorrência comum são dores nos ossos pela estimulação no procedimento. Fraqueza temporária e dores de cabeça também podem ocorrer, mas são passageiras e controladas facilmente com analgésicos. Dentro de poucas semanas, a medula óssea do doador estará inteiramente recuperada.

Para saber mais sobre o cadastro e outros detalhes da doação, é só acessar o site do Inca:  http://bit.ly/2cf7zjm.


Sobre IHOC
Fundado em abril de 2000, o Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC) é um centro de tratamento médico multidisciplinar, com foco no tratamento de pacientes portadores de neoplasias e doenças hematológicas.    

A clínica preza pelo atendimento ao paciente hemato-oncológico dentro dos padrões mais elevados de respeito e ética, buscando a excelência com a adoção das técnicas mais avançadas oferecidas pela Medicina. Mais informações pelo site: www.ihoc.com.br.

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