Uso correto dos medicamentos previne AVC

Tomar os remédios de acordo com a orientação médica para prevenir uma doença como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou derrame cerebral, como é conhecido popularmente, parece ser uma tarefa simples. Entretanto, de acordo com a pesquisa Prevalência de AVC associado à interrupção de medicação preventiva, apresentada pela neurologista Dra. Vanessa Rizelio e coordenada pelo neurologista Dr. Pedro Kowacs – ambos do Instituto de Neurologia de Curitiba, o que levou os pacientes avaliados a ter um novo AVC foi a suspensão do tratamento. “Observamos que eles tiveram nova incidência da doença após deixar, na maioria dos casos por conta própria, de tomar os medicamentos”, constatou a médica.

A pesquisa, que ficou entre os dez estudos de maior impacto na área de AVC no Congresso da Academia Americana de Neurologia, foi realizada de 2007 a 2009, com cerca de 360 pacientes. Foi constatado que 7,5% interromperam a medicação que previne o AVC e desses, 48,1% já havia tido um AVC anteriormente. “Constatamos que esses pacientes tiveram um novo AVC cerca de uma a duas semanas após interromperem o uso dos medicamentos”, aponta a Dra. Vanessa. “Alguns pacientes também apresentavam problemas cardíacos”, acrescenta.

Segundo a médica, as principais justificativas para a interrupção dos remédios foram: 37% dos casos por negligência, ou seja, porque acabou e não comprou novamente os medicamentos ou após sentir uma melhora e sentir-se mais disposto, o paciente decidiu não usar mais a medicação; 26% interrompeu para realizar alguma cirurgia e 18,5% dos casos, por algum efeito colateral. “O paciente deve sempre verificar com o médico quais são as consequências de interromper o tratamento medicamentoso. Infelizmente, percebemos a falta de cuidado com a própria saúde”, ressalta.

Os remédios para a prevenção do AVC são de uso contínuo e diário. De acordo com a especialista, as medicações principais são o ácido acetilsalicílico (conhecido como Aspirina ou A.A.S. infantil e fornecido gratuitamente nos postos de saúde), o Clopidogrel, que custa em média R$ 50,00 para o tratamento mensal, e um anticoagulante oral, que custa cerca de R$ 20,00 e exige um acompanhamento frequente por exames. “É importante lembrar que cada forma da doença vai requerer um desses medicamentos, que serão definidos pelo especialista que acompanha o tratamento”, considera.

Educação do paciente
Com essa pesquisa, além de conhecer os motivos que levaram os pacientes a parar com os medicamentos, os médicos já podem criar melhores medidas para educá-los. “Com o levantamento, podemos analisar o motivo de eles terem esse comportamento e assim, conscientizá-los sobre a relevância do uso dos remédios. Com isso, incentivamos o paciente a ter uma boa conduta para obter melhores resultados com os tratamentos”, esclarece a Dra. Vanessa. “Qualquer decisão para interromper uma medicação ou mudar a dosagem deve ser orientada pelo médico para evitar complicações”, salienta.

O que é o AVC
O Acidente Vascular Cerebral Isquêmico ocorre quando há uma redução ou interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, o que causa a isquemia cerebral. De acordo com notícia publicada pelo Ministério da Saúde, o AVC atinge 16 milhões de pessoas no mundo e, destes, seis milhões morrem. O principal fator de risco da doença é a falta de controle da pressão arterial. Alguns sintomas que indicam que a pessoa está tendo um derrame cerebral são paralisia em um dos lados da face, alterações da fala, confusão mental, dificuldade em andar, crise convulsiva e redução do nível da consciência. “No Brasil, observamos que o AVC é uma das doenças que mais causa morte e incapacidade, por isso é fundamental levar a sério o tratamento e ficar atento aos sinais da doença”, ressalta. “Manter a pressão arterial nos níveis adequados é uma das formas de prevenir o AVC”, recomenda a médica.

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