E depois de 2014…

Por Marcus Garcia

Os cidadãos e o Estado brasileiro se preparam para a grande festa de 2014, a Copa do Mundo. Um evento como este trará benefícios para o país, mas, também efeitos nocivos. O que teremos de positivo serão as obras de infraestrutura e mobilidade urbana, preparação de pessoal para os atendimentos de hotelaria, restaurantes, pontos turísticos e traslados, e de equipes operacionais dos meios de transporte, segurança e souvenires. O Brasil terá a chance de potencializar a sua visibilidade e o Estado poderá promover ações para atrair investidores nos segmentos de interesse para o país, principalmente o turístico. É possível ainda que ao final da Copa tenhamos um aumento da autoestima dos brasileiros, de forma coletiva.

Entretanto, não percebo benefícios permanentes. E como depois de toda grande festa vem a ressaca, os efeitos negativos da Copa ainda virão. Um aumento proposital nos preços dos transportes já é perceptível, assim como da hospedagem e da alimentação. Pela frente teremos outros, como os congestionamentos nos aeroportos e a falta de vagas em hotéis. A FIFA, com sua política de controle sobre o comércio de souvenires e outras atividades, causa impacto direto nos pequenos comerciantes que ficam no entorno dos estádios. Aqueles que estão investindo em ampliação ou melhoria dos seus estabelecimentos para receber o público precisam lembrar que a Copa dura apenas 31 dias. Em seguida, os times e torcedores voltam para suas casas e com a retomada da rotina, o retorno dos investimentos pode não ser o esperado.

O desvio de atenção que a Copa ocasiona tem reflexo também na educação e na rotina das famílias. As agendas escolares no país foram antecipadas e no período dos jogos muitas crianças não terão aulas. Algumas, inclusive, ficarão sem a atenção dos pais e familiares e, sem entender muito bem ou gostar do evento, serão obrigadas a participar. Além disso, após a Copa, entraremos em campanha eleitoral para Presidência da República, Senado, Governadores e Deputados Federais e Estaduais. Será um período de recesso eleitoral e o país funcionará lentamente até o seu término. A distração será completa com Copa e eleições gerais em um mesmo ano.

Depois de 2014, com o final da Copa, o povo brasileiro pode aguardar ainda uma grande dívida a ser paga: atrasos nas questões da educação, segurança, saneamento, infra-estrutura, saúde, pesquisa aplicada e pura, produção agrícola, portos, aeroportos, forças armadas, entre outros tantos segmentos do nosso país que sofrerão os efeitos deste evento. Certamente esses problemas serão solucionados, pois é natural que o Sistema busque o equilíbrio. Entretanto, a que custo?

* O professor Marcus Garcia é integrante dos Grupos de Estudos em Inovação Tecnológica da Universidade Federal do Paraná e de Educação da Universidade Tuiuti do Paraná, é pedagogo, especialista em Gestão do Conhecimento e mestre em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação. Autor de 17 livros nas áreas técnica, motivacional e educacional, entre eles as séries “Educação Profissional” e “A Escola no Século XXI”, ele leciona há mais de 30 anos e atua como palestrante e consultor em educação e desenvolvimento humano para empresas e instituições de ensino.

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